sexta-feira, 3 de junho de 2011

Making of: Como surgiu o Capítulo Um


“Viajar no tempo é fácil, o difícil é se lembrar.” Assim começa o Capítulo Um, que insere o fator tempo na fala de Fabiana. E com o tempo, a memória. Que é o principal alvo dos torturadores que vão com tanta violência ao pote que terminam por prejudicar exatamente as lembranças dos seus prisioneiros. O impacto da tortura nas sensações é de tal ordem que a vida do preso é dividida em antes e depois das sessões de tortura. Que passa a viver uma vida arrancada da própria vida, sustentando, com muito esforço o espectro de si mesmo, como mostramos ao longo de "Os vitrais da sala á prova de som".
Tentei construir e situar a personagem através de suas memórias infantis, traumatizada pela pobreza absoluta, resgatando a vida num cortiço típico dos grandes centros urbanos. Locais em que várias famílias dividem, em metrópoles como São Paulo e Rio de janeiro, um único banheiro, um tanque para lavar roupa e todos os ruídos e fofocas ambientes. As paredes falam e suam e choram. E todos partilham da mesma miséria e a abundância de emoções, traições, fome e angústia.
O sexo é algo público. Dividido por todos. Inclusive pelas crianças que são expostas aos adultos em situações íntimas. E Fabiana menina é situada neste inferno que não escapa nunca das memórias e que, de certa maneira, a prepararão para o grande combate à frente, na sua vida, diante de homens implacáveis, inclusive seus torturadores. Para os quais, o amor é na maioria das vezes, uma abstração. Pois é um amor de teatro que se apóia, preferencialmente, em declarações afetivas vazias e se sustenta pelo sentimento de posse, inclusive na hora do sexo. Sem cumplicidade e sem afeto.
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