terça-feira, 7 de junho de 2011

Como foi escrito o Capítulo Quatro, de “Os vitrais da sala à prova de som”, acompanhe aqui o making of


Um dos personagens, parte da persona que se dissolve no ataúde lacrado, é Wilson. E o Capítulo Quatro serve para introduzi-lo. Aos poucos o leitor complementará suas nuances, que as pinceladas iniciais o desenham como filho de um ambiente cheio de carinho, afeto, mas visto do lado de fora, pelos padrões convencionais como um antro de putaria. Sua mãe, prostituta, o entrega no leito da morte para um pai que ele nunca tinha visto antes. Ao longo deste mesmo capítulo o acompanhamos quase que numa trajetória completa do puteiro ao internato do internato ao quartel. “Durante o golpe militar vê a oportunidade de acelerar suas divisas” é a senha para que se torne um torturador que oferece as oportunidades que o regime oferece com suas recompensas e impunidade. Wilson, como todos os torturadores, porteiros de prédio, soldados de polícia que se tornaram autoritários ao se aproveitar do regime, são frutos amargos e indigestos da época. Aos éramos obrigados a engolir porque o sistema político, a falta de liberdades democráticas, a indiferença da sociedade civil os tornavam legítimos algozes do cidadão comum e carrascos dos presos políticos ou presos comuns que lhes caíam nas mãos. Aliás, os presos comuns continuam a ser torturados até hoje. Mas são pobres ou criminosos dos mais variados níveis. E, portanto, a sociedade civil continua indiferente aos seus dramas e decomposição em vida.
Obrigado por acompanhar meu esforço de desenhar o making of de “Os vitrais da sala à prova de som”. Se inscreva ao lado se quiser receber a continuidade destes textos.

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