terça-feira, 22 de setembro de 2015

“Polícia e tortura no Brasil”, de Marcelo Barros Correia e “Os vitrais da sala à prova de som”, de Marco Roza

A Revista Carta Capital traz na sua edição de 2 de setembro de 2015 a entrevista com Marcelo Barros Correia, transcrita em “A Tortura no Brasil é uma política de Estado”.
Marcelo Barros Correia é delegado em Fernando de Noronha (PE) e doutor pela Universidade de Salamanca, na Espanha. É também autor do livro “Polícia e tortura no Brasil”.
Na entrevista que você pode ler no link http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-tortura-no-brasil-e-uma-politica-de-estado-5761.html/ o delegado afirma que “a tortura atual não é fruto da ditadura militar, mas de uma ideia de opressão aos grupos menos organizados da sociedade que remonta ao período colonial”.
Como se estivesse folheando o livro “Os vitrais da sala à prova de som”, Marcelo Barros Correia afirma que: “A tortura existe e existirá no Brasil por muito tempo porque os mecanismos que a produzem seguem intocáveis”.
Suas vítimas são os invisíveis social e economicamente. E pertencem, todos concordamos com o autor de “Polícia e Tortura no Brasil”, aos setores vulneráveis e mais pobres da sociedade.
Aos torturados resta apenas refletir com “Os vitrais da sala à prova de som”, que em vez de descrever casos de tortura prefere expor as almas dilaceradas dos que passam pelas sessões de tortura sistemáticas no Brasil.
No livro de Marco Roza, o leitor (ou leitora) acompanhará a fragmentação do espírito humano enquanto submetido, sem alternativas, à violência impune dos torturadores, sejam eles policiais, chefias de escritório, capatazes de fazendas, gerentes de indústrias ou chefes de família.
Mas quem ler “Os vitrais da sala à prova de som” descobrirá também que é impossível quebrar o espírito humano, seja homens, mulheres ou crianças; pobres, negros ou índios, mesmo os que sejam socialmente invisíveis.
Por que? Porque a cada sessão de tortura que o torturador deixa viva sua vítima, ele ou ela sairá sempre mais fraco, porque desumano, do que quando iniciou a sessão.
E a cada desumanidade se transforma em zumbis que contaminam as relações sociais, mesmo de uma democracia que ainda é refém de uma sociedade indiferente à sorte dos humilhados, ofendidos e sistematicamente torturados.

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