Maria Laura Canineu, diretora do
Human Rights Watch para o Brasil, afirma em entrevista recente que: "A
permanência da tortura é um dos pontos mais sensíveis na proteção de direitos
humanos no Brasil. Em pelo menos 64 casos de tortura analisados por nós entre
2010 e 2014 em cinco estados (PR, SP, ES, BA e RJ), mais de 150 agentes
públicos, policiais civis, militares, agentes penitenciários e socioeducativos,
foram identificados."
Segundo a diretora, os casos são
inaceitáveis para esse "estágio da democracia". E acrescenta:
"As ações ocorrem nas ruas, nas viaturas, nos centros de detenção, nas
cadeias. E os métodos são os mais cruéis, como choques, espancamento, violência
sexual, ameaça e outros métodos que, no nosso estágio da democracia, a gente
não espera ainda que haja".
E concluiu: "A tortura é
herança da impunidade. O fato de agentes saberem que não serão punidos propicia
que [a tortura] permaneça e este problema é crônico. É a sensação absoluta de
impunidade", declarou a diretora.
Veja a reportagem
completa em http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/01/ong-diz-que-tortura-por-parte-de-agentes-publicos-permanece-no-brasil.html
E se estiver disposto a reagir para enfrentar a metástase deste “câncer tortura” que se espalha preferencialmente para
os tecidos sociais mais desprotegidos, como os mais pobres, moradores das
periferias, negros e mulheres talvez você considere aproveitar as reflexões que
o escritor Marco Roza realiza no seu livro “Os vitrais da sala à prova de som”.
“Enquanto nos concentrarmos nos
torturadores, apenas, tendemos a perder a guerrilha contra a tortura, porque
trata-se de um sistema incrustrado em vários subterrâneos do poder (como um
câncer) que é realimentado pela indiferença social e por nosso temor da impunidade
que tornam invisíveis os torturadores em vários níveis de vivências sociais”,
diz Marco Roza.
No livro “Os vitrais da sala à
prova de som” as motivações dos torturadores são dissecadas na sua ânsia de
controle absoluto das vontades humanas através das agonias impostas ao algozes
submetidos, geralmente com anuência do Estado.
“Talvez seja o momento de
reforçarmos a vitória permanente que os torturados sempre terão sobre os
torturadores, pois os torturados se vinculam com a transcendência humana, e
assim seremos capazes de contagiar social e culturalmente nosso ambiente social
e acabar com os focos de torturadores.”
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